Alunas de Santa Maria Criam Tecnologia Inovadora para Comunicação de Colega com Paralisia Cerebral

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Por: Poliane Ketlen

No Centro de Ensino Fundamental 213, localizado em Santa Maria, Distrito Federal, a robótica foi utilizada de maneira surpreendente para transformar a vida de Ana, uma estudante com paralisia cerebral. Com o projeto “A voz da Ana”, suas colegas desenvolveram um dispositivo que permite à jovem se comunicar verbalmente. A iniciativa faz parte do projeto ROBOTICraft, em parceria com a Universidade de Brasília (UnB), e busca não só aumentar o interesse de meninas nas áreas de exatas, mas também promover a inclusão por meio da criatividade e tecnologia.

Superando Barreiras com Criatividade

A ideia surgiu a partir da observação das habilidades de Ana com um tablet. O professor dela percebeu que, apesar das limitações físicas, Ana conseguia ler e escrever rapidamente usando o dispositivo. Com esse insight, ele levou a questão para as alunas envolvidas no projeto de robótica, que ficaram entusiasmadas em encontrar uma solução para permitir que Ana se expressasse verbalmente.

“Iniciamos o projeto de robótica aqui na escola. O nome do projeto é ROBOTICraft, em parceria com o projeto M² ICE da Universidade de Brasília. O objetivo do M² ICE é justamente dar oportunidade para meninas participarem do projeto de robótica e programação. Eu comecei a dar aula para a Ana e a buscar alguma forma de adaptar as atividades para ela. Quando trouxe o tablet para Ana, percebi sua habilidade em escrever e ler rapidamente com o dispositivo, e então levei esse problema para as meninas do projeto, que se empolgaram em tentar resolver,” relata o professor.

Desenvolvimento do Projeto

As estudantes começaram a explorar o programa Express, utilizado na escola, que possui uma função de texto para fala. Este recurso permite que o usuário digite texto, que é então reproduzido em voz alta pelo programa. As alunas programaram e construíram a parte inicial do dispositivo, que, apesar de ser feito de papelão, serviu como uma prova de conceito funcional.

“Estudamos o programa mais profundamente e descobrimos que dentro do Express havia um recurso de texto para fala, onde você digita e o programa repete o que foi digitado. Programamos e construímos a parte de engenharia do projeto, que inicialmente era de papelão. Quando apresentamos o equipamento para Ana, ela rapidamente começou a digitar e escrever coisas que estavam em sua mente. A partir daí, percebemos como Ana enxergava o mundo,” comenta o Professor de Ana.

Impacto na Vida Escolar

Com o novo dispositivo, Ana passou a participar mais ativamente das atividades em sala de aula. Ela pôde interagir com os colegas e professores, realizar chamadas, participar de atividades de leitura e interpretação e expressar suas ideias durante as aulas. Essa nova capacidade de comunicação não apenas facilitou o processo de ensino-aprendizagem, mas também melhorou significativamente sua integração no ambiente escolar.

“Ana começou a interagir em sala de aula, conversar com os professores, falar o nome dos colegas, ajudar na chamada, fazer as atividades de leitura e interpretação. Falava o que estava acontecendo durante as aulas, e isso fez com que ela entendesse melhor e participasse mais do processo de ensino-aprendizagem,” destaca o professor.

Agradecimento e Reconhecimento

O projeto “A voz da Ana” demonstra como a combinação de tecnologia e criatividade pode quebrar barreiras e criar oportunidades inclusivas para todos. Ana, utilizando o dispositivo, expressou sua gratidão:

“Obrigada pelo projeto.”

Essa iniciativa não só impacta diretamente a vida de Ana, mas também serve de inspiração para outras escolas e comunidades, reforçando que limitações físicas não são impedimentos para a aprendizagem quando há inovação e dedicação envolvidas.

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